VÍDEO: Antes do enxoval de luxo, Lula criticou “ostentação da classe média”

Antes de a Presidência planejar um gasto de R$ 89 mil em enxoval de luxo para as residências oficiais, incluindo peças feitas em “algodão egípcio”, Lula criticou a “ostentação da classe média” brasileira.

No ano passado, durante uma palestra como pré-candidato à Presidência da República, o petista falou sobre o “padrão de vida acima do necessário” da classe média no Brasil e na América Latina.

“Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida que em nenhum lugar do mundo a classe média ostenta. Um padrão de vida que não tem na Europa. As pessoas são mais humildes. Na América Latina, a classe média ostenta um padrão de vida acima do necessário”, disse.

O vídeo com críticas de Lula sobre “ostentação da classe média” circulou nas redes após divulgação de despesa com o enxoval de luxo.

“Na medida que você não impõe limite, você faz com que as pessoas comprem um barco de 400 milhões de barco e compre outro barco para ousar seu helicóptero. O que faz uma pessoa com um barco 400 milhões de dólares? Nada. O que faz uma pessoa com uma casa de 17 cômodos? Nada. Ele vai viver 80 anos e não vai frequentar todos os cômodos”, observou Lula.

Durante a palestra de 2022, Lula falou cobre as condições de vida “das pessoas mais pobres do Brasil”, fazendo uma comparação com sua visão do padrão de vida da classe média.

“Aqui no Brasil, nosso pessoal não tem o primeiro cômodo. As pessoas vivem mal. Se você visitar uma palafita ou visitar um barraquinho das pessoas mais pobres do Brasil, você vai ver que, num espaço de 10 metros quadrados, a pessoa dorme, cozinha, faz as suas necessidades fisiológicas e vive daquele jeito. Então, o Brasil é um processo de construção. Ainda falta fazer tudo” avaliou.

Como presidente, Lula tem à disposição as instalações do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto. Com 7 mil metros quadrados e três andares, o Alvorada é uma das mais belas obras de Oscar Niemeyer na capital federal. As instalações contam com salões para recepções oficiais, biblioteca, sala de música e sala de banquetes, além de uma sala de cinema e uma área de lazer localizadas no sobsolo.

Já a Granja do Torto ocupa um espaço de 37 hectares com lago e córrego artificiais, piscina, campo de futebol, quadra de esportes, churrasqueira, heliponto e uma área de mata nativa.

As declarações de Lula sobre a ostentação da classe média brasileira foram recuperadas pela web depois que a coluna divulgou a licitação para compra do novo enxoval de mesa e banho para o Alvorada e a Granja do Torto, residências oficiais do presidente. O edital prevê uma despesa de R$ 89 mil em colchas, lençóis, fronhas, edredons, cobre-leitos, tapetes e roupões.

Nas especificações, é exigido um padrão de “primeira linha, referência Zelo, MMartan, similar ou melhor qualidade”. Só com as colchas de cama, o gasto será de R$ 48,7 mil. A licitação inclui ainda 18 fronhas para travesseiros avaliadas em R$ 2,6 mil, 22 jogos de lençóis orçados em R$ 18,8 mil, 15 conjuntos de banho por R$ 3,9 mil, 20 roupões de banho por R$ 8,8 mil e 20 tapetes de banheiro por R$ 3 mil.

Nesta quinta-feira (23/11), o deputado Nikolas Ferreira pediu uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a licitação.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência argumentou que o número de itens comprados para o enxoval do Alvorada e da Granja do Torto se deve “ao número de suítes” das duas instalações.

A Secom citou “péssimo estado de conservação” das roupas de cama e banho encontradas nas duas residências. E afirmou ainda que as peças vão integrar o patrimônio da União, permanecendo nas residências, e serão usadas principalmente por hóspedes.

A título de comparação, a Secom informou que, no governo Bolsonaro, foram gastos R$ 46,6 mil com o enxoval, em valores corrigidos, cerca da metade do que Lula gastará este ano.

Foram comprados jogos de toalhas de banho de fio egípcio, travesseiros de pluma e roupas de cama nos tamanhos solteiro, casal e king, lençóis, fronhas.

As compras foram feitas em duas ocasiões, em julho de 2020, no valor de R$ 18.386,53 em valores corrigidos pela inflação, e em dezembro de 2020, no valor de R$ 25.276,05 corrigidos.

Metrópoles – Paulo Cappelli