Projeto já foi destaque nacional e é realizado em espaços públicos ao ar livre

Em um esforço para democratizar o acesso à leitura entre as crianças, um grupo de cinco estudantes tem se destacado ao realizar o projeto voluntário chamado ‘Mala Literária’, em Natal.

Lucivânia da Silva, Jucilene Alves, Renata Simões, Maria Karolyne e Shirlei Barbosa são alunas do curso de Pedagogia da Universidade Potiguar (UnP), integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima.

Impulsionadas pelo desejo de alcançar lugares periféricos da cidade e espaços abertos à população, o ‘Mala Literária’ nasceu no segundo semestre de 2022, durante o componente curricular Vida & Carreira.

A proposta era criar um projeto para que dessem continuidade mesmo após a conclusão do curso. Em dezembro do mesmo ano, a iniciativa ficou no top 10 do Brasil entre os projetos das Instituições de Ensino que compõem o Grupo Ânima.

Mesmo com a saída de alguns integrantes, um domingo por mês, as futuras pedagogas estão no Parque das Dunas, zona Leste da capital, compartilhando a paixão pela literatura com o público infantil. Também frequentam praças e escolas, quando convidadas.

“A ideia de levar livros em uma mala itinerante, para que crianças pudessem ter contato com eles, era maravilhosa. Estávamos no final da pandemia e os lugares abertos ainda eram os mais procurados. Fico muito feliz e orgulhosa pelo fato de o projeto continuar ativo”, conta a professora Bárbara Dias Lopes.

Todas as obras são destinadas ao público infantojuvenil. Para manter a tradição viva, conta com doações de livros de outros voluntários. Além disso, complementa as atividades com momentos de pintura e brincadeiras para as crianças.

Protagonismo

Quando criança, Lucivânia da Silva tinha acesso restrito à literatura. “Somente na escola, tinha contato com os livros”, dispara. Agora, aos 38 anos, sente-se realizada ao comentar sobre seu protagonismo no ‘Mala Literária’. “É um trabalho totalmente voluntário, mas eu faço com muito prazer. É muito bom levar a leitura para as crianças. Sabemos que só podemos transformar vidas através da educação”, complementa.

O mesmo sentimento é compartilhado por Jucilene Alves. “Consegui ingressar no ensino superior 15 anos após o término do ensino médio. Antes, minha realidade financeira não me permitia sonhar. Foi então que meu irmão, que já estava na faculdade, começou a me incentivar a fazer o Enem. Eu estava bastante resistente, pois fazia muito tempo que não me dedicava aos estudos. Depois de muito incentivo, decidi acreditar no meu potencial, estudei bastante e fui aprovado, ganhando uma bolsa integral. Hoje, estou aqui, acreditando que sim, os livros podem mudar a vida e a história das pessoas”, avalia.

Para Shirlei Miranda, o projeto é uma realização pessoal e a faz “revisitar aquela Shirlei criança, que vasculhava a surrada biblioteca pública de Natal à procura de uma nova viagem literária”. “Desde sempre fui apaixonada por leitura. Foi o meu primeiro contato com o mundo, uma vez que não tínhamos rádio ou TV em nossa casa”, acrescenta.

“Sou muito mais realizada ao ver que o nosso projeto está levando a leitura por vários parques e praças, onde cada pessoa e cada criança estimula a imaginação da leitura e os seus benefícios”, complementa Maria Karolyne. “A cada ação que fazemos, notamos a importância da Mala Literária. Poder levar a literatura para as crianças é gratificante”, comemora Renata Simões.