Mais de 150 livros literários chegaram ao Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino – Casef Padre João Maria, em Natal, na quarta-feira (24). Os volumes foram doados a partir de campanha de arrecadação do projeto Biblioteca Viva, que reformou e equipou  espaço de leitura com recursos audiovisuais.

A iniciativa foi contemplada em edital do 1º Juizado Especial Criminal e de Trânsito da Comarca de Natal/RN. Além da arrecadação promovida pelo Casef e pela Gerência de Articulação Interinstitucional, o projeto incluiu aquisição de itens como livros, equipamentos multimídia, estantes, armários, mesa e contratação de pedagoga. Já foram realizadas oficinas de avaliação diagnóstica, rima e poema para adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. Haverá ainda atividades sobre contos, cordéis e Cine Biblioteca.

Na chegada das doações, apenas uma adolescente cumpria medida na unidade – uma leitora obstinada. Nos cinco meses que está na internação, ela afirma ter perdido a conta de quantos livros leu. Parou de contar nos 35. Entre os que ela mais gostou estão o clássico de Victor Hugo Os Miseráveis e a saga de Harry Potter. O hábito da leitura veio de seu pai, que era catador e sempre levava para casa revistas em quadrinhos e livros encontrados no lixo.

 “Quando eu leio, entro pra dentro do livro. O que eu mais gosto é dessa magia. N’Os Miseráveis, chorei no final, porque meu personagem preferido morreu.”, conta a adolescente, demonstrando envolvimento com cada história. “Ler é um alívio”, conclui.

Ao ver a enorme pilha de novos livros na unidade, a jovem já os inspecionou na busca das suas próximas leituras, separando os de maior interesse. Até o trabalho de catalogação é feito pelas próprias internas como atividade pedagógica, fazendo assim com que elas tenham uma consciência geral dos que estão disponíveis.

“Esse espaço tem enriquecido muito o cotidiano na unidade, ampliando o contato cultural literário e abrindo portas para elas vislumbrarem outras possibilidades de vida. São criados novos momentos de convivência entre elas, com a equipe técnica e as agentes socioeducativas. São momentos enriquecedores que acontecem nessa sala que agora é viva”, avalia a psicóloga da unidade, Clarisse Souza, lembrando que os equipamentos são conquistas com as quais a unidade poderá contar por muitos anos.