Um brasileiro chegou ao topo do mercado da música em 2024.

Ele está em turnê mundial e deve tocar para cerca de 20 mil fãs a cada noite. São plateias dez vezes maiores que as de estrelas como Anitta, Alok, Caetano Veloso, Gilberto Gil ou Sepultura no exterior.Talvez você não conheça o nome dele e certamente não verá seu rosto nos shows.

O paulista Eloy Casagrande, 33, é o novo baterista do Slipknot, uma das bandas de metal mais bem-sucedidas do mundo, que só sobe ao palco mascarada.

A estreia no Slipknot aconteceu após um sigiloso “vestibular” nos EUA e foi “desesperadora”, diz ao UOL o agora ex-Sepultura, cuja saída deixou cicatrizes no grupo.

Mas o baterista de Santo André (SP), que já foi premiado como um dos melhores do rock, está acostumado a desafios tão surreais quanto as máscaras de terror do grupo.

Aos 12 anos, venceu o quadro Se Vira nos 30 do Domingão do Faustão.Aos 16, convertido ao heavy metal, saiu em turnê mundial com Andre Matos.Aos 20, encarou uma vaia gigante no Rock in Rio e virou o jogo.Foi para o Sepultura e ganhou prêmios de melhor baterista de rock do mundo.Após um teste secreto que durou dez dias, entrou para o Slipknot.

A missão secreta de Eloy Casagrande no Slipknot começou em dezembro de 2023, quando ele foi convidado para testes com a banda, que acabara de dispensar o baterista Jay Weinberg,
“Pediram um documento de confidencialidade. Só minha mãe e minha esposa sabiam”, diz Eloy.
“O empresário do Slipknot me mandou mensagem perguntando se eu tinha interesse. Tinha que gravar três músicas em vídeo, depois mais três.” Era só o começo.

Eloy teve de ir a Los Angeles, onde ensaiou com o grupo completo por cinco dias. Depois pediram mais cinco.

A primeira metade do teste foi com o repertório da banda, que preparava a ‘Here Comes The Pain’, turnê comemorativa dos 25 anos de seu álbum de estreia.

A parte restante apontava para o futuro: eles sondavam a capacidade criativa de Eloy. “Queriam ver como eu compunha partes de bateria. Foi um teste bem completo.”

O músico voltou ao Brasil sem resposta. Só em 6 de fevereiro um representante do Slipknot ligou e deu OK. “Todos [os outros oito membros da banda] tiveram que aprovar.”

Saída do Sepultura teve farpasEloy chegou a participar do anúncio da turnê de despedida do Sepultura, em dezembro de 2023, mas não ficou para os shows.

“O primeiro fator para eu querer tocar no Slipknot foi o fim do Sepultura. Eu tenho 33 anos. Respeitei a decisão do Andreas [Kisser, guitarrista e líder do grupo], mas eu precisava seguir com minha vida. O convite do Slipknot não tinha como esperar um ano. Era sim ou não.”

Em 27 de fevereiro, o Sepultura postou um comunicado dizendo que foi “pego de surpresa” pela saída de Eloy, “sem aviso prévio ou qualquer debate sobre como fazer a transição”.

No dia seguinte, Kisser compartilhou o post de um fã dizendo que a saída de Eloy foi uma “atitude lamentável” e que o Sepultura iria “superar tudo isso”.

Eloy rebate: “Só pude falar com eles quando recebi ‘o sim’ do Slipknot. Assinei um acordo de confidencialidade. No dia em que recebi o sim, liguei para o Sepultura e marquei a reunião”.
“Não sei se o Sepultura entendeu meus motivos. Não conversei mais com eles. A gente tinha uma relação boa, mas eu nunca fiz parte de Sepultura. Sempre fui um músico autônomo, contratado”

Com informações de UOL