O descarte de pneus é um dos causadores de problemas como a proliferação de microplásticos pelos oceanos. Uma forma de amenizar essa questão é capturando e reaproveitando o que antes seria lixo, transformando isso em matéria-prima para os compostos; algo em que a Goodyear vem investindo pesado.
Segundo a Goodyear, a novidade já atende às especificações técnicas necessárias para ser vendida, o que o torna tecnicamente apto para o uso em vias públicas. Isso só não acontece por conta da cadeia de suprimentos da marca, que ainda não conseguiria fornecer as matérias-primas necessárias em volume adequado.
A grande novidade do pneu 90% sustentável está no negro de carbono (ou negro de fumo), um derivado do petróleo utilizado para reforçar e baratear pneus modernos. O negro de carbono convencional gera intensa poluição ao ser fabricado, mas aqui o processo se inverte: são quatro negros de carbono diferentes, oriundos de pneus velhos, metano, dióxido de carbono e óleos vegetais. Uma escolha que, afirma a Goodyear, reduz as emissões de carbono ao mesmo tempo que dá uso ao que antes seria lixo.
Também há uso do óleo de soja, que substitui outros derivados do petróleo na função de manter os pneus flexíveis o suficiente em diferentes temperaturas. O óleo aproveitado, alegadamente, vem de estoques ociosos de fazendas e criadouros.
Os experimentos com o pneu de arroz também valem para o novo produto, que usará a casca do cereal para reduzir a resistência à rolagem da borracha (melhorando o consumo) ao mesmo tempo que melhora a aderência dos compostos.
Nessa mistura, também entram resinas extraídas de pinheiros e poliéster obtido de garrafas plásticas, sempre de olho em menos petróleo. As cintas de aço são produzidas a partir de um processo com consumo de energia reduzido.
Com tanta complexidade, é compreensível que a Goodyear ainda não consiga produzir tais pneus em larga escala. O novo produto chegará em algum momento entre 2023 e 2030 — datas em que chegam os pneus 70% e 100% sustentáveis, respectivamente. O uso de derivados de petróleo, ainda que reciclados, deve cessar totalmente em 2040.
Com informações da VEJA