De acordo com o infectologista e professor de Medicina da UnP/Inspirali, Igor Queiroz, prevenção, diagnóstico e tratamento são essenciais para evitar complicações graves

O mês de julho é marcado pela campanha Julho Amarelo, uma iniciativa para o combate e conscientização sobre as hepatites virais. O infectologista Igor Queiroz, que é professor de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), cujo curso é parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país, destaca a importância do diagnóstico e tratamento precoce dessas doenças. Segundo ele, elas podem se manifestar de formas variadas dependendo da fase em que se encontram.

Os sintomas das hepatites virais podem variar significativamente. Nas fases agudas, são comuns náuseas, vômitos, icterícia (amarelamento dos olhos e da pele). Nas fases crônicas, os sintomas podem ser inespecíficos, como mal-estar, má digestão e fraqueza. O grande desafio, no entanto, reside no diagnóstico, especialmente em indivíduos com comportamentos de risco.

“Chegar ao diagnóstico das hepatites virais nessas pessoas é tarefa árdua, pois muitos desconhecem os fatores de risco para infecção e não associam seus sintomas inespecíficos a uma doença crônica. Vale lembrar que os testes rápidos para hepatites B e C estão disponíveis nas unidades de saúde municipais e estaduais. São testes que têm resultado em aproximadamente 20 a 30 minutos. Eles servem como a triagem para que depois o paciente possa ser encaminhado devido ao tratamento”, afirma Queiroz, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), médico no Hospital Giselda Trigueiro, em Natal, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia (SRNI).

As hepatites virais são causadas por diferentes tipos de vírus: A, B, C, D e E, cada um com agentes etiológicos, períodos de incubação e métodos diagnósticos distintos. “No Rio Grande do Norte, os tipos A, B e C são os mais prevalentes, enquanto as hepatites D e E são menos comuns. A transmissão da hepatite A ocorre principalmente por meio de água e alimentos contaminados. Já as hepatites B e C são transmitidas por contato com sangue infectado, relações sexuais desprotegidas e compartilhamento de materiais perfurocortantes”, explica.

A prevenção das hepatites virais é diversa e inclui medidas como saneamento básico e vacinação. Desde 2013, a vacina contra a hepatite A é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças a partir de 15 meses, resultando em uma queda significativa na incidência da doença. A hepatite B também pode ser prevenida por meio de vacinação, aplicada nos primeiros meses de vida e disponível para qualquer idade. A hepatite C, que não tem vacina, requer a conscientização sobre os fatores de transmissão para evitar o contágio.

Tratamentos

O tratamento das hepatites também varia. A hepatite A, geralmente benigna, é tratada com medidas de suporte como repouso e hidratação. A hepatite B possui um tratamento antiviral disponível pelo SUS, que visa controlar a replicação viral e prevenir a progressão da doença. A hepatite C, por sua vez, tem um tratamento altamente eficaz com chances de cura próximas a 100%, também custeado pelo SUS.

Embora algumas hepatites tenham cura, a hepatite B, por exemplo, requer controle contínuo para evitar complicações graves como fibrose, cirrose e câncer de fígado. “Essas doenças precisam ser avaliadas periodicamente para verificar a progressão. A prevenção, diagnóstico e tratamento adequados são essenciais para evitar essas complicações e garantir a saúde dos pacientes”, enfatiza o especialista.

“Dessa maneira, a campanha Julho Amarelo é um lembrete da importância da conscientização sobre as hepatites virais, incentivando a população a buscar informações, vacinar-se e realizar exames regularmente. A luta contra essas doenças depende do esforço conjunto de profissionais de saúde, governo e sociedade”, lembra o docente da UnP/Inspirali.