A reunião de líderes da Câmara dos Deputados marcada para a noite desta segunda-feira (14/8) foi cancelada após uma fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a casa baixa ter “muito poder“. O encontro havia sido confirmado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e aconteceria às 19h desta segunda.

A reunião foi marcada para discutir a possibilidade de votação do novo arcabouço fiscal. A nova regra é uma das prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa era que, na reunião desta segunda, os líderes fechassem acordo para que o texto do marco fiscal fosse votado nesta semana.

Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Band, Fernando Haddad disse que a Câmara não pode “humilhar” o Senado e o Executivo. A conversa foi gravada na última sexta-feira (11/8) e veículada nesta segunda.

“O fato é que nós estamos conseguindo encontrar um caminho. Não está fácil. Não pensa você que está fácil.A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas de fato, ela está com um poder assim que eu nunca vi antes na minha vida. Eu penso que tem que haver uma moderação ai. Quem tem que ser construida. Ela ainda não está as mil maravilhas”.

Sem citar nomes, Haddad fala que “o bom da democracia é que a pessoa não vai ter esse poder para sempre, a instituição pode ter, mas você não sabe na mão de quem ela vai estar daqui com dois, quatro, 10 anos”. A fala do ministro foi vista como uma “indireta” ao presidente da Câmara.

Ao final da tarde, o ministro ressaltou que ligou para Lira e falou sobre o tom adotado na entrevista. Haddad garantiu que o governo tem uma relação estável com os deputados. “Eu até falei com o presidente Lira. Fiz questão de ligar para ele para que isso fosse esclarecido”, informou, em coletiva de imprensa no Ministério da Fazenda.

“As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do presidencialismo de coalizão”, explicou Haddad a jornalistas. “Então eu defendi durante a entrevista que essa relação fosse mais harmônica e pudesse expandir os melhores resultados”, completou.

Com informações de Metrópoles