Criado com o objetivo de desenvolver um polo de empresas de Tecnologia da Informação no estado, o Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) vem cumprindo sua missão. Atualmente seu parque tecnológico reúne 106 empresas, que geram 2.500 empregos diretos. Tudo isso foi possível, dentre outros fatores, graças a uma forte estrutura de formação, que vai do nível técnico ao doutorado e abriga cerca de 3.500 estudantes. Mas essa história de sucesso aguarda por um segundo capítulo, que consistirá em atrair grandes empresas de tecnologia – nacionais e internacionais – e dobrar os postos de trabalho em cinco anos, chegando ao número de 5 mil empregos. Para isso, no entanto, o IMD enfrenta um desafio: a estrutura física que dispõe já não comporta o necessário crescimento das atividades para atingir essas novas metas.

É por isso que o Instituto está lançando uma campanha para sensibilizar a sociedade potiguar, em especial a bancada federal do estado, visando que uma parte dos recursos das emendas parlamentares deste ano seja destinada ao projeto de expansão do IMD. O objetivo é dobrar sua estrutura física e proporcionar não apenas o crescimento das atividades do parque tecnológico – para que chegue ao número de 150 empresas – mas também impulsionar projetos em parceria com big techs, além da criação de novos cursos e formações, que devem aumentar para 4 mil o número de alunos matriculados.

O diretor-geral do IMD, professor José Ivonildo do Rêgo, destaca que, apesar dos números alcançados já serem tão significativos, não expressam a completa dimensão do impacto das atividades do Instituto na economia do Rio Grande do Norte. “A Tecnologia da Informação é transversal a qualquer outra área, sendo um elemento básico quando se pensa em melhorar eficiência, qualidade e produtividade. As atividades que o IMD e as empresas do seu parque tecnológico desenvolvem contribuem para toda a cadeia produtiva do Rio Grande do Norte”, afirma ele.

Essa característica já gerou, por exemplo, parcerias para o desenvolvimento de tecnologias para diversas indústrias, do Rio Grande do Norte e de fora do estado. Tratam-se desde projetos que ajudam as oficinas têxteis do Seridó a aumentarem sua produtividade, até o desenvolvimento de soluções para grandes empresas, como a Intelbras e a Foxconn Brasil, unidade nacional da gigante multinacional chinesa Foxconn. Além disso, a maior empresa de TI do estado, que emprega cerca de 250 pessoas, nasceu dentro da incubadora de empresas do parque tecnológico do IMD.

Duplicação

“A nossa estrutura física ficou superlotada há alguns anos. É tanto que já temos um projeto totalmente pronto para duplicação da área do IMD, de modo que, ao existirem os recursos, será possível dar início à licitação logo em seguida”, diz Ivonildo Rêgo. Ele conta que a carência de espaço para o Instituto aconteceu devido ao grande crescimento das suas atividades. “O IMD foi criado para abrigar cursos técnicos, uma graduação e uma incubadora de empresas. Hoje também temos três mestrados, um doutorado, várias especializações e um Programa de Residência em Tecnologia da Informação”, explica o diretor.

Para além das atividades acadêmicas, no entanto, o que mais gerou a necessidade de expansão foi o forte crescimento do Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque). Criado há seis anos, ele possui sua estrutura administrativa dentro do IMD, onde também ficam as startups que integram o seu programa de incubação de empresas. Atualmente são 29 delas, que atuam numa grande diversidade de áreas da Tecnologia da Informação.

Toda essa atividade do IMD e do seu parque tecnológico também tem gerado o interesse das chamadas big techs para que não apenas desenvolvam parcerias, mas também se instalem efetivamente em Natal. “Essas grandes empresas querem vir para dentro da universidade, para dentro do Instituto, de modo a aproveitarem esse ambiente de inovação. Uma delas, por exemplo, virá instalar um centro de tecnologia em 5G na área da universidade, fazendo um investimento inicial de R$ 38 milhões”, conta Ivonildo Rêgo.

Ele explica que o Instituto já possui afinidade com várias dessas empresas pelo fato de desenvolver para elas projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação. “Tratam-se das chamadas empresas âncora, multiplicadoras, porque fazem surgir e crescer empresas menores. A captação delas vai fortalecer muito o nosso parque tecnológico, mas nós só vamos conseguir disputar e trazê-las para cá com a expansão do Instituto”, detalha Ivonildo Rêgo.

Construção coletiva

Criado há 12 anos, o Instituto Metrópole Digital é fruto de esforço e construção coletiva da sociedade potiguar, conforme destaca seu diretor-geral. “Isso acontece dentro da própria UFRN, já que temos dezenas de professores de outras unidades da universidade que desenvolvem algum tipo de atividade junto ao IMD, mas também ocorre junto à sociedade como um todo. Não haveria como termos chegado ao resultado que temos hoje sem uma cooperação sólida entre setor público, setor privado e Academia”, afirma.

Ele exemplifica citando o fato do Conselho de Administração do Metrópole Parque ser integrado por outras instituições de ensino, como a UERN e a UNP, e por entidades representativas dos setores público e privado, como é o caso do Sebrae, Fiern, Prefeitura de Natal e Governo do Estado. “Ao longo do tempo temos tido muito apoio dessas entidades e de outras, como é o caso das federações do comércio e da agricultura”, destaca ele.

“O que nós estamos buscando fazer, ao solicitar esses recursos à nossa bancada federal, é expandir de uma forma surpreendente o que temos proporcionado à sociedade, dobrando o número de empregos no parque tecnológico e trazendo mais 50 grandes empresas para o estado. Ou seja, estamos renovando um compromisso que fizemos quando da criação do IMD, só que agora com novas metas e com a segurança de que vamos cumpri-las novamente, até porque estamos maduros e prontos para isso”, defende Ivonildo Rêgo.