Nos bastidores do mercado automotivo, as montadoras que produzem carros no Brasil e as chinesas recém-chegadas travam uma verdadeira batalha. Quem acompanha o setor deve ter percebido que os novos modelos elétricos de entrada da BYD e GWM causaram uma redução de preços em praticamente todos os concorrentes da categoria. De olho nesse mercado ainda pequeno, mas em crescimento exponencial, os fabricantes “tradicionais” pleiteiam a aplicação do imposto que tornaria os elétricos importados 35% mais caros. Afinal, o que está acontecendo?

Desde fevereiro, a coluna vem noticiando que a volta do imposto de importação, zerado para carros elétricos e fixado em 4% para híbridos desde 2015, vem sendo pleiteada, junto ao governo, pela Anfavea – associação das montadoras de veículos que produzem no Brasil.

O desejo parece ter sido atendido: nesta semana, Uallace Moreira, secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), disse, em entrevista à Reuters, que a tributação será retomada de forma gradual nos próximos três anos, quando voltará ao patamar de 35%, aplicado nos modelos a combustão.

“O que podemos fazer para estimular a produção local? Tornar as importações um pouco mais difíceis e caras”, disse Moreira.

A Anfavea está de acordo com a solução encontrada pelo governo. O principal argumento do presidente da associação, Márcio de Lima Leite, é proteger as fábricas nacionais dos produtos chineses, que têm menor custo de produção fora do país. De acordo com o executivo, no último ano o Brasil deixou de arrecadar R$ 2,2 bilhões com a redução do imposto, destes, R$ 1,1 bilhão são referentes a carros chineses.

Paula Gama – UOL