Após salvar o governo de um fracasso inédito e aprovar a medida provisória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que estruturou os ministérios, a Câmara dos Deputados deixou claro ao chefe do Executivo que a articulação política do Palácio do Planalto com o parlamento não está boa e que ele precisa promover mudanças para não comprometer a governabilidade.

Por mais que a Câmara tenha passado a MP com uma boa margem de votos favoráveis, o resultado ficou longe de ser uma vitória para o governo, mas sim um alerta de que o Executivo precisa manter um bom relacionamento com os parlamentares para ter sucesso nas matérias de interesse. A votação expressiva mostrou, na verdade, a força do bloco liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A principal insatisfação dos deputados é com o diálogo mantido com os ministros que fazem a ponte da Câmara com Lula, como Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil). Uma das queixas é de que a equipe do presidente tem falhado em ouvir os pedidos dos parlamentares para que eles entreguem os votos que o governo precisa em votações importantes.

A reclamação é de que há demora na liberação de emendas para que os deputados apliquem em projetos nas suas bases eleitorais. Antes de a Câmara votar a medida provisória na quarta-feira (31), o governo tinha autorizado o uso de cerca de R$ 3,2 bilhões desde janeiro. Sob pressão e com risco de ter uma drástica redução na quantidade de pastas em caso de rejeição da MP, o governo decidiu liberar mais R$ 1,7 bilhão à Câmara no dia da votação, mais da metade do que tinha sido distribuído até então.

R7