Durante uma entrevista concedida nesta quinta-feira (18) ao NOVO, o Secretário Municipal de Saúde de Natal, George Antunes, levantou polêmica ao atribuir o déficit de profissionais nos serviços de saúde da capital potiguar ao afastamento por meio de atestados médicos falsificados. As declarações de George Antunes foram repudiadas pelo Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde-RN).

“Existem pessoas dentro de Natal que vendem atestados, e aí não é uma suposição, é uma afirmação. Eu tenho absoluta certeza que isso existe”, afirmou o secretário, em entrevista ao NOVO.

Segundo o Sindsaúde-RN, o déficit de profissionais nas unidades de saúde de Natal é um problema crônico que se arrasta há anos no município. O sindicato aponta que a Secretaria Municipal de Saúde não tem convocado os profissionais que compõem o cadastro reserva do último concurso da saúde de Natal, de 2018.

“Será que a enfermagem de Natal não vai mais poder adoecer, secretário?”, questionou Érica Galvão, diretora do Sindsaúde-RN, em resposta às declarações de Antunes. “Passamos pela pandemia da Covid-19, adoecendo, muitos de nós morreram, e agora, com as sequelas do esgotamento físico, mental e psicológico desse período, sequer temos o direito de ficar doentes. De heróis, fomos rebaixados a vilões injustamente”.

Além do Sindsaúde, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Coren RN) também se manifestou sobre as declarações do secretário municipal de Saúde de Natal. A entidade criticou as palavras do gestor que se refere aos casos como “o principal motivo para a superlotação nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) da capital potiguar”.

A entidade informou que está acionando o seu setor jurídico para atuar no que entenderem ser necessário neste caso. A nota diz ainda que atitudes como esta reforçam o “desrespeito e a desvalorização” que a classe da enfermagem sofre.

Secretário diz que atendimentos médicos foram prejudicados

Em entrevista ao NOVO, a apresentação exagerada de atestados médicos por parte dos funcionários, segundo George Antunes, é um dos motivos para a sobrecarga no atendimento das UPAs de Natal.

“As UPAs estão com problema de sobrecarga porque tem várias doenças circulando na cidade, como gripe, covid, dengue, zika e chikungunya. Então isso aumentou muito o volume de pessoas nessas unidades. E em um determinado momento, também há sobrecarga de serviço dentro da UPA porque dois ou três funcionários colocam atestado no mesmo dia”.

O NOVO teve acesso aos atestados supostamente comprados e identificou que um mesmo profissional chega a apresentar diversos atestados em um curto espaço de tempo. Alguns são preenchidos com a mesma letra, mas possuem carimbos de médicos diferentes. Outros são supostamente carimbados pelo mesmo profissional, porém com assinaturas distintas. Outra servidora apresentou um atestado de extração de siso no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, e dois dias depois, apresentou outro com a mesma justificativa. Em outro caso, outra profissional apresentou tantos atestados que chegou a trabalhar apenas 13 dias em um mês.

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