O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cometeu nesta 4ª feira (17.mai.2023) algumas imprecisões ao criticar o governo de Jair Bolsonaro (PL). Em sua fala, disse que o ex-chefe do Executivo foi “responsável por 11% das mortes por covid” no mundo, tendo 2,7% da população mundial.

Afirmou, ainda, que o país foi “pior na economia” sob Bolsonaro. “Eu acredito que um país que tem 2,7% da população mundial e tem um presidente responsável por 11% das mortes por covid, não devia estar nem falando de limitação com ninguém, porque não tem moral para isso”, declarou durante audiência na Câmara.

“De Economia é pior. Pior crescimento, pior tudo. Pelo amor de Deus, gente. Olha os resultados da educação. Eu sou professor há quase 30 anos da Universidade de São Paulo com muito orgulho. Tenho 3 diplomas por essa universidade: direito, economia e filosofia. Tenho muito orgulho do meu currículo e, sinceramente, os correligionários do ex-presidente deveriam se limitar ao debate que está aqui e não falar de limitação por quem quer que seja“, acrescentou.

Covid

O problema da comparação com a população mundial é que muitos países não têm estatísticas confiáveis de mortalidade de covid. Isso significa que, na verdade, há muito mais do que os 7 milhões de mortes reportadas no mundo. Uma estimativa da OMS até o final de 2021 dizia que 14,9 milhões teriam morrido. Esse número, é claro, aumentou em 2022 e 2023.

Nesse caso, o percentual de mortes do Brasil naquele momento teria sido de 4%, e não de 10%. Mas é impossível ter certeza sobre quantas foram as mortes no mundo. É por isso que especialistas evitam fazer comparações como as de Haddad.

Se levadas ao pé da letra as estatísticas dos países que não reportam direito os dados de covid, toda a África, com 1,2 bilhão de habitantes, com 259 mil mortes, representaria um terço das mortes brasileiras. Há também falta de confiança nos dados de Índia e China. Ambos os países têm população estimada em 1,462 bilhão de habitantes. A China tem apenas 121 mil mortes registradas. A Índia, 532 mil.

Isso não significa que os países tiveram uma política bem sucedida de combate ao vírus. Mas significa que tiveram políticas de coleta e comunicação de dados deficientes. Com isso, o número de mortes no mundo inteiro é subdimensionado e a participação de países que reportam melhor os dados, como o Brasil, acaba parecendo maior.

Crescimento do Brasil

Já o crescimento do Brasil em 2020, 2021 e 2022 (com 2 anos de pandemia e 1 de guerra na Europa) acumulado foi de 4,48%, maior do que países como Alemanha (0,58%), França (1,03%) e México (-0,6%).

O Brasil conseguiu recuperar o PIB pré-pandemia. Em 2021, ainda durante a crise sanitária, fechou o nível de atividade econômica 0,6% acima de 2019.

 

Assim, integra a lista de 27 países que recuperaram o patamar do PIB anterior à pandemia. Ficou em 26º no ranking de melhor resultado, acima do Canadá, por exemplo.

 

Quando se leva em consideração o G20, o Brasil e outros 10 países do grupo das 20 maiores economias do mundo recuperaram o nível de atividade econômica.

Poder 360